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O nascimento da nova ordem

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Rogério SimÔes | 13:49, segunda-feira, 30 março 2009

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g20blog.jpgDepois da tempestade, espera-se pela bonança. Mas, mesmo que ela nunca dĂȘ o ar da graça, jĂĄ Ă© possĂ­vel identificar, no fim do tĂșnel em que o mundo se encontra, um cenĂĄrio bem diferente do que temos hoje.

ApĂłs um incĂȘndio ter quase destruĂ­do o sistema financeiro internacional, numa crise iniciada em 2007, arquitetos jĂĄ trabalham em uma nova estrutura, enquanto bombeiros ainda lutam contra as chamas. LĂ­deres das 20 principais economias do mundo reĂșnem-se nesta semana, em Londres, com a missĂŁo de dar inĂ­cio Ă  criação de uma nova ordem econĂŽmica e polĂ­tica mundial, em substituição Ă quela surgida apĂłs a Segunda Guerra Mundial. Muitos cĂ©ticos duvidam que se consiga mais do que uma simpĂĄtica carta de intençÔes para lidar com os atuais problemas da economia. Mas vĂĄrios lĂ­deres do mundo desenvolvido jĂĄ admitem: o tempo em que as naçÔes ricas decidiam o futuro do mundo acabou.

Foi o que disse o premiĂȘ britĂąnico, Gordon Brown, que passou pelo Brasil e pelo Chile antes de receber os colegas do G20 em sua capital. Apesar de considerado por muitos um dos responsĂĄveis pelos efeitos da crise em seu prĂłprio paĂ­s, ninguĂ©m nega que Brown, ministro das Finanças por dez anos no governo Tony Blair, entende do assunto. Ele fala com a autoridade de quem viu, dos corredores do poder, a globalização se intensificar sem limites por mais de uma dĂ©cada e agora vĂȘ seu prĂłprio futuro polĂ­tico ameaçado por suas incongruĂȘncias (uma eleição no ano que vem ameaça tirĂĄ-lo do poder). Por isso o que ele diz merece crĂ©dito, mesmo que nĂŁo seja exatamente uma novidade.

HĂĄ muito se fala em aumento do poder dos paĂ­ses emergentes e a transformação do mundo em uma realidade verdadeiramente multipolar. Mas a atual crise econĂŽmica parece estar acelerando esse processo, com empresas e governos de paĂ­ses antes considerados subdesenvolvidos ganhando poder e influĂȘncia. Essa pelo menos Ă© a tese de vĂĄrios especialistas, entre eles Jim O'Neill, do Goldman Sachs, entrevistado na nossa sĂ©rie especial "BRICs 2020", publicada a partir desta segunda-feira aqui no site da ±«Óătv Brasil. O'Neill, que no inĂ­cio da dĂ©cada previu a consolidação de Brasil, RĂșssia, China e Índia como potĂȘncias em 2050, afirmou Ă  nossa reportagem que esse processo jĂĄ estarĂĄ muito mais claro daqui a 11 anos. A crise global estaria, na sua visĂŁo, tirando mais rapidamente dos paĂ­ses desenvolvidos um poder econĂŽmico a ser distribuĂ­do entre as naçÔes emergentes mais fortes.

Quatro meses atrås, quando resolvemos produzir uma série especial explorando como devem estar os BRICs em 2020, essa realidade não era tão clara. Se tivéssemos entrevistado O'Neil em novembro, quando a série começou a ser produzida, talvez o economista americano não falasse desse processo com tanta convicção. Mas a velocidade do agravamento da crise aumentou a crença de muitos de que, em meio à atual tempestade, o cenårio global estå mudando de forma mais veloz do que o esperado. A revista The Economist traz inclusive , mostrando que grandes empresas de países emergentes, a nova geração de multinacionais, continuam se destacando e crescendo apesar da crise.

A ±«Óătv Brasil nĂŁo teve a intenção de prever o futuro. Nossos repĂłrteres foram a vĂĄrios locais no Brasil, na RĂșssia, Índia e China para identificar onde estĂĄ o maior potencial desses paĂ­ses para o ano de 2020 e onde se encontram seus maiores desafios. A força da RĂșssia na Ășltima dĂ©cada, seu potencial energĂ©tico, pode ser seu calcanhar de Aquiles daqui a 11 anos caso o paĂ­s nĂŁo diversifique sua economia. A China aposta na educação, mas acumula uma imagem negativa de vilĂŁo do aquecimento global. A Índia pode ter suas ambiçÔes prejudicadas se nĂŁo combater de forma decisiva a pobreza absoluta de grande parte da sua população. O Brasil tem uma chance Ășnica em sua histĂłria de combinar potencial energĂ©tico e produção agrĂ­cola para se tornar uma potĂȘncia, enquanto Ă© cada vez mais cobrado na ĂĄrea ambiental.

O G20 pode assumir as rĂ©deas da futura nova ordem internacional a partir do encontro desta semana em Londres. Os quatro BRICs, como maior força dentro da turma dos emergentes, tĂȘm muito a ganhar com essa mudança. Talvez atĂ© jĂĄ negociando de igual para igual com os atuais chefes do mundo no ano de 2020.

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