Velho mundo novo
A idéia da integração entre as mídias – principalmente entre a TV e a internet – é quase tão antiga quanto a própria internet. Me lembro de ter ouvido os primeiros discursos empolgados sobre o assunto em meados da década de 90, quando a rede ainda estava engatinhando nos Estados Unidos e mal havia nascido no Brasil.
No mundo inteiro, porém, levou bastante tempo para que o vídeo na rede se tornasse realmente popular – o que vinha acontecendo paulatinamente nos últimos anos e explodiu com o YouTube e uma série de outros sites.
Para mim, porém, a rede não competia com a televisão até que me tornei um ávido usuário do serviço recém-lançado pela tv, o iPlayer. O serviço permite que o telespectador que vive na Grã-Bretanha baixe qualquer programa apresentado nos sete dias anteriores. São quase 400 horas semanais de programação produzidas por quatro canais da tv.
Demora um pouco – na pior das hipóteses cerca de metade do tempo do programa que se quer assistir –, mas uma vez que o programa está no computador, o telespectador pode assistir na hora que quiser e com boa qualidade. Com o sistema, passei a assistir menos televisão de uma forma geral, porque fico menos tempo passivamente procurando por algo que me interesse.
Não sou um grande consumidor de televisão, mas a minha experiência não tem sido única nem a tv está sozinha nesse jogo. Os outros três canais abertos britânicos – ITV, Channel4 e Five – têm serviços semelhantes, e uma série de outros sites também estão brigando pela atenção dos internautas e telespectadores, incluindo obviamente o campeão de audiência em vídeo entre os britânicos, o YouTube (segundo dados de 2006).
O resultado, pelo menos por aqui, tem sido uma queda geral da audiência da televisão aberta e um crescimento do uso da internet para acessar vídeo. Na Grã-Bretanha, segundo dados da empresa de pesquisa Nielsen Online, o número de pessoas que usam a rede para assistir televisão, vídeos e filmes cresceu 28%, para 21 milhões, entre setembro de 2006 e setembro de 2007.
Com um sistema de TV a cabo extremamente popular e uma penetração de internet em banda larga muito maior do que o Brasil (percentualmente), a situação britânica dificilmente pode ser comparada à realidade brasileira como um todo. Mas é um indicativo de como a web está finalmente entregando a famosa integração de mídias que prometeu por tanto tempo.