Outubro sangrento
Outubro de 2009 já Ă© o pior mĂŞs para as forças dos Estados Unidos no AfeganistĂŁo desde a invasĂŁo de 2001. AtĂ© agora. Depois de ataques que mataram oito soldados na segunda-feira, o total de americanos mortos no mĂŞs chegou a 55. Incluindo as vĂtimas fatais de outras nacionalidades, as operações estrangeiras sofreram ao todo 66 baixas. No ano, já sĂŁo 445 os soldados mortos sob o comando da Otan, contra 295 em todo o ano de 2008. O total de civis inocentes mortos em 2009 Ă© ainda maior, estima-se em quase 2 mil, muitos deles vĂtimas de bombardeios da aliança ocidental. Nesta quarta-feira os constantes ataques de insurgentes foram alĂ©m dos alvos tradicionais, matando seis funcionários das Nações Unidas na capital, Cabul. Uma guerra que parecia vencida sete anos atrás, colocando um ponto final em dĂ©cadas de conflito, torna-se cada dia mais longe do fim.
Antes da invasĂŁo liderada pelo Estados Unidos, em 2001, dois terços do paĂs viviam um raro perĂodo de relativa tranquilidade. Eram os tempos do governo do TalebĂŁ, que em 1996 tomou o poder em Cabul e impĂ´s um regime islâmico pra lá de radical. A comunidade internacional nĂŁo reconheceu o regime, que abrigava o saudita Osama Bin Laden, já na Ă©poca considerado um superterrorista. Mas dois importantes paĂses da regiĂŁo o fizeram. A Arábia Saudita, preocupada com o extremismo em seu territĂłrio, optou por ter boas relações com os anfitriões de Bin Laden. Já o PaquistĂŁo, do entĂŁo premiĂŞ Nawaz Sharif, tinha afinidades ideolĂłgicas com a militância islâmica do TalebĂŁ (que inclusive financiava) e sabia que a estabilidade paquistanesa dependia de uma relativa calma do outro lado da fronteira. E vice-versa.
Este outubro sangrento reforça ainda mais esta correlação entre PaquistĂŁo e AfeganistĂŁo. TambĂ©m nesta quarta-feira, um devastador ataque na cidade paquistanesa de Peshawar matou mais de 90 pessoas. A matança foi apenas mais uma em um mĂŞs em que militantes do TalebĂŁ nĂŁo pouparam nem a Universidade Islâmica Internacional. Como muitos historiadores e especialistas gostam de lembrar, a fronteira entre os dois paĂses foi definida artificialmente pelo ImpĂ©rio Britânico sem levar em consideração a realidade local. Grande parte do oeste paquistanĂŞs, como a problemática regiĂŁo do WaziristĂŁo, Ă© culturalmente afegĂŁ. Trata-se do mesmo povo (pashto), composto dos mesmos grupos tribais, ocupando as mesmas montanhas. O TalebĂŁ ignora as divisões criadas pelos invasores britânicos e ameaça, ao mesmo tempo, os governos afegĂŁo e paquistanĂŞs.
Enquanto os mortos eram contados no mercado de Peshawar, a secretária de Estado Hillary Clinton discursava em Islamabad. Dizia ela que o PaquistĂŁo nĂŁo estava na luta contra o TalebĂŁ sozinho, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos esperam ver mais empenho de Islamabad no combate aos militantes. A guerra da Otan no AfeganistĂŁo, que tira o sono do presidente Barack Obama, estabeleceu-se no PaquistĂŁo, onde o TalebĂŁ tambĂ©m ganha terreno. A estabilidade paquistanesa depende de uma relativa calma no paĂs vizinho, e vice-versa. Atualmente, no entanto, o caos se espalha pelos dois lados.
°ä´Çłľ±đ˛ÔłŮá°ůľ±´Ç˛őDeixe seu comentário
PaquistĂŁo pode alterar o jogo.Para pior. PotĂŞncia nuclear, tem como guardiĂŁo do seu arsenal militares muçulmanos.Se os fanáticos tiverem acesso a esse paiol, será apenas um carga de dinamite mais potente a ser detonada ,ao invĂ©s de uma mesquita, a capital deste ou daquele paĂs ou o que proporcionar maior dano,material,humano,psicolĂłgico e impacto polĂtico. Os americanos ,que naufragaram no pântano do Vietnam, se defrontam ,com o maior,o mais profundo e certamente ,intransponĂvel de todos os pântanos de sua bĂ©lica histĂłria.
Fiz um comentário e o mesmo não foi aceito sem qualquer justificativa.
Gostaria de saber como um comentário deve ser aceito.
Atenciosamente,
Langstein