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Outubro sangrento

Rogério Simões | 2009-10-28, 12:40

peshawar.jpgOutubro de 2009 já é o pior mês para as forças dos Estados Unidos no Afeganistão desde a invasão de 2001. Até agora. Depois de ataques que mataram oito soldados na segunda-feira, o total de americanos mortos no mês chegou a 55. Incluindo as vítimas fatais de outras nacionalidades, as operações estrangeiras sofreram ao todo 66 baixas. No ano, já são 445 os soldados mortos sob o comando da Otan, contra 295 em todo o ano de 2008. O total de civis inocentes mortos em 2009 é ainda maior, estima-se em quase 2 mil, muitos deles vítimas de bombardeios da aliança ocidental. Nesta quarta-feira os constantes ataques de insurgentes foram além dos alvos tradicionais, matando seis funcionários das Nações Unidas na capital, Cabul. Uma guerra que parecia vencida sete anos atrás, colocando um ponto final em décadas de conflito, torna-se cada dia mais longe do fim.

Antes da invasão liderada pelo Estados Unidos, em 2001, dois terços do país viviam um raro período de relativa tranquilidade. Eram os tempos do governo do Talebã, que em 1996 tomou o poder em Cabul e impôs um regime islâmico pra lá de radical. A comunidade internacional não reconheceu o regime, que abrigava o saudita Osama Bin Laden, já na época considerado um superterrorista. Mas dois importantes países da região o fizeram. A Arábia Saudita, preocupada com o extremismo em seu território, optou por ter boas relações com os anfitriões de Bin Laden. Já o Paquistão, do então premiê Nawaz Sharif, tinha afinidades ideológicas com a militância islâmica do Talebã (que inclusive financiava) e sabia que a estabilidade paquistanesa dependia de uma relativa calma do outro lado da fronteira. E vice-versa.

Este outubro sangrento reforça ainda mais esta correlação entre Paquistão e Afeganistão. Também nesta quarta-feira, um devastador ataque na cidade paquistanesa de Peshawar matou mais de 90 pessoas. A matança foi apenas mais uma em um mês em que militantes do Talebã não pouparam nem a Universidade Islâmica Internacional. Como muitos historiadores e especialistas gostam de lembrar, a fronteira entre os dois países foi definida artificialmente pelo Império Britânico sem levar em consideração a realidade local. Grande parte do oeste paquistanês, como a problemática região do Waziristão, é culturalmente afegã. Trata-se do mesmo povo (pashto), composto dos mesmos grupos tribais, ocupando as mesmas montanhas. O Talebã ignora as divisões criadas pelos invasores britânicos e ameaça, ao mesmo tempo, os governos afegão e paquistanês.

Enquanto os mortos eram contados no mercado de Peshawar, a secretária de Estado Hillary Clinton discursava em Islamabad. Dizia ela que o Paquistão não estava na luta contra o Talebã sozinho, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos esperam ver mais empenho de Islamabad no combate aos militantes. A guerra da Otan no Afeganistão, que tira o sono do presidente Barack Obama, estabeleceu-se no Paquistão, onde o Talebã também ganha terreno. A estabilidade paquistanesa depende de uma relativa calma no país vizinho, e vice-versa. Atualmente, no entanto, o caos se espalha pelos dois lados.

°ä´Çłľ±đ˛ÔłŮá°ůľ±´Ç˛őDeixe seu comentário

  • 1. Ă ˛ő 12:08 AM em 01 nov 2009, Lucifer escreveu:

    Paquistão pode alterar o jogo.Para pior. Potência nuclear, tem como guardião do seu arsenal militares muçulmanos.Se os fanáticos tiverem acesso a esse paiol, será apenas um carga de dinamite mais potente a ser detonada ,ao invés de uma mesquita, a capital deste ou daquele país ou o que proporcionar maior dano,material,humano,psicológico e impacto político. Os americanos ,que naufragaram no pântano do Vietnam, se defrontam ,com o maior,o mais profundo e certamente ,intransponível de todos os pântanos de sua bélica história.

  • 2. Ă ˛ő 01:56 AM em 29 nov 2009, LANGSTEIN ALMEIDA escreveu:

    Fiz um comentário e o mesmo não foi aceito sem qualquer justificativa.
    Gostaria de saber como um comentário deve ser aceito.
    Atenciosamente,
    Langstein

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