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Arquivo para abril 2009

Representantes do povo

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Rogério Simões | 12:35, terça-feira, 28 abril 2009

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commons.jpgOs membros do Legislativo estão sob pressão. A utilização de verbas públicas para benefício próprio, no que é descrito como abuso de regras mal definidas, abalou ainda mais a imagem de parlamentares diante do grande público. Diante disso, o governo e a oposição foram à TV dizendo que uma solução seria encontrada, mas idas e vindas adiaram uma decisão definitiva. Em meio à maior crise econômica mundial desde a década de 30, o Legislativo aparece ocupado debatendo a sua própria remuneração.

Pode parecer incrível que, com o parágrafo acima, eu esteja falando ao mesmo tempo de dois países tão distintos em termos de história, nível de desenvolvimento e poderio econômico: Brasil e Grã-Bretanha. Como se um espelho tivesse sido erguido no centro do Oceano Atlântico, num ponto equidistante entre as costas brasileira e britânica, parlamentares dos dois lados enfrentam constrangimentos semelhantes. E medidas tomadas para resolver tais problemas parecem incapaz de conter a constante perda de credibilidade do Legislativo junto ao eleitorado.

No Brasil, a Presidência da Câmara dos Deputados acaba de limitar a utilização de passagens aéreas pelos representantes do povo, proibindo que o benefício seja passado a parentes e amigos. Mas as irregularidades cometidas até agora foram perdoadas. Já aqui na Grã-Bretanha, estão concentrados na ajuda fornecida aos membros da Câmara dos Comuns de fora de Londres para que tivessem uma segunda residência que facilitasse sua presença na capital durante a semana. Quando a ministra do Interior, Jacqui Smith, designou a sua casa como "segunda casa" e a casa da irmã, em Londres, como primeira, para garantir o benefício, o esquema foi bombardeado por todos os lados. O fato de o marido da ministra ter visto dois flmes pornôs em casa e colocado a conta nas despesas parlamentares da esposa não ajudou.

Como no Brasil, os parlamentares britânicos e o governo, que aqui é formado totalmente por membros do Legislativo, começaram a se mexer para mudar o sistema e melhorar sua imagem. Mas as emendas tentadas saíram, até agora, muito piores que o soneto. De início, o primeiro-ministro Gordon Brown fez o que sempre se faz nestas terras: passou a uma comissão, o Comitê de Padrões da Câmara dos Comuns, a tarefa de uma solução para o problema. Mas, antes que o comitê terminasse seu trabalho, Brown, de surpresa, com uma proposta que certamente considerava brilhante: a ajuda de custo para uma segunda casa seria substituída por um adicional no salário pago a cada dia que o parlamentar aparecesse no seu escritório em Westminster.

Não pegou bem. O país inteiro começou a dizer que os parlamentares seriam agora os únicos trabalhadores que, além do salário, ganhariam um extra apenas para dar o ar da graça no emprego. A proposa era para ter sido votada no Parlamento nesta semana, mas Brown, ao perceber que poucos o apoiariam, retirou o projeto. E também o seu time de campo, dizendo que quem cuidaria do assunto seria o tal comitê.

É lógico que temos de lembrar que, considerando-se as realidades brasileira e britânica, se tratam de grandezas bem diferentes. Se passagens aéreas de membros da Câmara dos Comuns tivessem sido usadas por amigos e namoradas de parlamentares ou jogadores de futebol, o regime parlamentar britânico estaria com os dias contados. Mas, proporcionalmente, o descrédito do Parlamento junto ao eleitorado, no Brasil e na Grã-Bretanha, é semelhante. A diferença é como os legisladores dos dois países parecem ver o problema.

Tanto aqui como no Brasil medidas estão sendo tomadas, diante da indignação popular. Mas os deputados brasileiros fizeram questão de reclamar da imprensa, que teria exagerado ao cunhar o termo "farra das passagens". Aqui os parlamentares são mais humildes, dizendo que o eleitorado tem direito de se indignar com qualquer abuso. Mas de uma realidade nenhum deles poderá fugir: em ambos os lados do Atlântico os parlamentares poderão perder seu emprego em breve, já que os dois países terão eleições gerais no ano que vem. Com base nas reações diante da exposição das crises pela imprensa, aparentemente os britânicos têm mais medo do veredicto popular.

O fim do mundo

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Rogério Simões | 17:15, quarta-feira, 15 abril 2009

Comentários (23)

nagasaki.jpgO alerta está em vários lugares, para aqueles que circulam pelo maravilhoso mundo da internet: o mundo acabará . Uns dizem que não é exatamente o fim do mundo, mas o fim deste mundo que conhecemos, será na verdade apenas uma grande transformação em 21 de dezembro, no solstício de inverno desse fatídico ano. O fato é que tudo teria sido previsto pelos maias, que eram ótimos astrônomos e cujas profecias costumam gerar bons debates na internet ou conversas de botequim.

A tese de um cataclismo de grandes proporções também é abraçada por muitos ultrarreligiosos que esperam por algum tipo de armagedom planejado por ninguém menos que o grande criador do céu e da Terra. O comediante americano Bill Maher, no hilário filme , em cartaz aqui em Londres, passa pelo tema com todo o deboche possível e faz, ele mesmo, um alerta particular: a crença religiosa no fim do mundo pode um dia fazer com que a humanidade realmente ponha as mãos na massa e acabe de vez com a vida no planeta azul.

A verdade é que, infelizmente, não estamos imunes a isso. Uma destruição lenta e gradual poderá vir com a constante emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global. Mas o homem continua também detentor de meios para destruir o planeta de forma muito mais rápida. Desde a sua estreia no cenário internacional, em agosto de 1945, no Japão, as bombas atômicas nunca abandonaram completamente o papel de pesadelo coletivo da humanidade. Com isso em mente, Barack Obama falou, em sua recente vinda à Europa, de seu plano para O presidente americano afirmou que os Estados Unidos têm "responsabilidade moral" para liderar a comunidade internacional na direção desse objetivo, e as novas negociações com a Rússia nessa área seriam o primeiro passo. Um passo para prevenir o fim do mundo.

Poucos especialistas, entretanto, acreditam ser possível eliminar todas as armas nucleares do planeta. Muitos alertam que seria inclusive perigoso, já que bombas atômicas têm também a capacidade de garantir a paz, servindo como instrumento para deter a possível ação de grupos ou líderes fanáticos que quisessem, deliberadamente, causar a maior destruição possível. Sem armas nucleares, o mundo estaria à mercê de qualquer um que voltasse a fabricá-las. As palavras de Obama seriam, então, apenas uma fonte de inspiração, não devendo ser levadas ao pé da letra. Até porque mal elas haviam sido pronunciadas, a perspectiva da destruição total e inconsequente voltou a preocupar uma pequena faixa de terra no extremo leste do planeta, a Península coreana.

A crise envolvendo a comunista Coreia do Norte e o resto do mundo voltou com força total. O recluso regime suspendeu as negociações sobre o seu programa nuclear e retomou o trabalho em suas usinas. Disse que a decisão do Conselho de Segurança da ONU, de condenar o seu lançamento de um foguete, havia sido uma "declaração de guerra". Como o regime norte-coreano não segue os mesmos parâmetros de raciocínio que normalmente se vê em política internacional, é difícil saber o que pode sair da cabeça do seu líder supremo, Kim Jong Il.

O agravamento da crise reforça os argumentos dos que defendem que tanto os Estados Unidos como as outras potências devam manter seus arsenais, já que sem eles perderiam sua capacidade de pressionar ou até mesmo se defender de regimes fanáticos e imprevisíveis. Com isso, permanece viva a tese de que as armas nucleares vieram para ficar, e o Irã, assim como Paquistão e Índia anos atrás, vê-se no direito de, pelo menos, dominar sua tecnologia. As palavras de Barack Obama seriam uma fonte de inspiração, mas, ao pé da letra, não passariam de uma utopia impossível. Visto dessa maneira, o perigo pode não estar em 2012, mas a profecia maia ainda pode um dia se confirmar.

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