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Se a tensĂŁo Ă© grande, relaxe e seja racional

Monica Vasconcelos | 2007-07-04, 13:57

Me lembro bem daquela manhĂŁ no dia 7 de julho de 2005.

Acordei e, como de hĂĄbito, liguei o rĂĄdio para ouvir as notĂ­cias enquanto me arrumava para ir para a ±«Óătv. No inĂ­cio, parecia sĂł que estĂĄvamos tendo um daqueles dias em que o metrĂŽ resolve nĂŁo funcionar. EstaçÔes fechando, uma confusĂŁo.
bombs203.jpg

Aí a coisa ficou mais sinistra. Ao invés de queda no sistema elétrico - como se suspeitava no início - o que tinha provocado os fechamentos era uma série de atentados a bomba simultùneos.

Minha primeira reação foi ligar para meu irmão, que também mora em Londres, e dizer pra ele não sair de casa.
Depois, telefonei para meu editor, que me disse para ficar onde eu estava - ou seja, nada de ir para Bush House, no centro da cidade, num dia como aquele. Ligar para casa, só mais tarde, jå que no verão daqui a diferença de fuso fica muito grande. Eram pouco mais de cinco da manhã em São Paulo.

Foi um dia estranho. Choveram telefonemas e torpedos da famĂ­lia e dos amigos, tanto em Londres como no Brasil.
Ás vezes a mensagem era curta e direta: "Are you ok?" Essa frase ganha um tom tão dramåtico e desesperado em momentos como esse.

Na sexta-feira passada, dia 29 de junho, quase exatos dois anos depois, cheguei em casa tarde da noite e encontrei um recado na secretĂĄria eletrĂŽnica. "MĂŽ, sĂł liguei pra saber se estĂĄ tudo bem".

Os dois carros com bombas encontrados no centro de Londres nĂŁo chegaram a explodir, mas mesmo assim os amigos se preocupam. Meus pais preferem nĂŁo tocar no assunto, mas sei que ficam numa ansiedade incrĂ­vel com notĂ­cias como essas.

Retornei o telefonema da minha amiga. "EstĂĄ tudo bem, nĂŁo se preocupe. A chance de vocĂȘ ser pego em uma explosĂŁo Ă© mĂ­nima, sabia?" Ela riu. "Como vocĂȘ Ă© racional!" Respondi que essa era a Ășnica saĂ­da, ser racional.

E ninguém entende mais isso do que os londrinos. Depois de anos de atentados do IRA, ficaram vacinados.
Só mudou o nome da organização...

Os "quase" atentados em Londres e em Glasgow no fim de semana me remetem a um trecho da letra de uma mĂșsica que o John Lennon escreveu para o filho, Sean. "Life is what happens when you are busy making plans".

Então, pensando bem, a saída é não apenas ser racional. Mas também lembrar, todo dia, que estou viva agora. E é só.

°äŽÇłŸ±đČÔłÙĂĄ°ùŸ±ŽÇČőDeixe seu comentĂĄrio

  • 1. Ă Čő 10:44 AM em 06 jul 2007, Milton Junior escreveu:

    "MĂŽ", se me permite tamanha intimidade;

    Concordo contigo e acredito que ser racional em um caso destes seja preciso. A Maria Luisa jå comentou isso num post mais recente, mas acredito que, em situaçÔes como esta, temos que parar, pensar e então agir.

    Claro que algum manĂ© sentado lĂĄ na Ășltima fileira diria que "por vezes nĂŁo temos tempo para pensar!". Mas vemos que em situaçÔes de risco grande, como num atentado, vocĂȘ tem de racionar para entĂŁo agir. Isso pode muitas vidas.

    Agir sem pensar em uma cidade - ou país - que passa por uma situação destas pode representar um risco muito grande. Aqui na cidade onde moro (Santa Cruz do Sul), temos uma região que é conhecida como perigosa. Não vou lå a anos pois não tenho o que fazer lå. Mas para se ter noção, entrega de correios, tele-entrega de pizza e demais coisas que são entregadas desta forma, foram canceladas em tal bairro pois não hå como continuar expondo estes profissionais.

    Isto, minha cara "MĂŽ" e Maria Luisa, Ă© agir racionalmente. Primeiro acontece. Damos chance, pois acreditamos nĂŁo acontecer novamente. Na segunda vez, jĂĄ foi o bastante para gerar polĂȘmica.. e na terceira, cancelou-se os serviços definitivamente.

    Acredito que, em Londres, as pessoas nĂŁo poderĂŁo viver sem ter cuidados como notar suspeitos, estar atento a pessoas e fatos que possam gerar algum tipo de dĂșvida. Claro, nĂŁo sejamos norte-americanos neste momento (como quem jĂĄ compra uma AK47 para proteger-se), maso mĂ­nimo de senso Ă© preciso ter.

    Abraços para as duas e, segundo Marta Suplicy, "relaxem e gozem".

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